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Prevenção da Progressão da Escoliose: Abordagens Fisioterapêuticas Baseadas em Evidências

Atualizado: 21 de out. de 2024

Prevenção da Progressão da Escoliose: Abordagens Fisioterapêuticas Baseadas em Evidências

A escoliose é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral que pode afetar a qualidade de vida dos pacientes de várias maneiras, desde dores crônicas até problemas respiratórios e desequilíbrios musculares. Como fisioterapeutas, nosso papel vai além do tratamento dos sintomas; devemos focar em intervenções que possam prevenir a progressão da curvatura escoliótica, principalmente em pacientes em crescimento.


1. Avaliação Inicial e Diagnóstico Fisioterapêutico


Antes de iniciar qualquer tratamento, é fundamental realizar uma avaliação minuciosa para identificar o tipo de escoliose (idiopática, neuromuscular, congênita) e o grau de curvatura. A avaliação fisioterapêutica deve incluir:


• Medição do ângulo de Cobb.

• Testes de flexibilidade e mobilidade da coluna.

• Avaliação do equilíbrio muscular, com foco em musculaturas encurtadas e enfraquecidas.

• Identificação de fatores biomecânicos que possam contribuir para a progressão da curvatura, como disfunções posturais e desalinhamentos articulares.


Um diagnóstico preciso permite o planejamento de uma intervenção mais eficaz e personalizada.


2. Técnicas de Reeducação Postural Global (RPG)


A Reeducação Postural Global (RPG) tem se mostrado uma técnica eficaz para tratar a escoliose, com foco no alongamento global das cadeias musculares encurtadas. A RPG trabalha de forma global, buscando o equilíbrio entre os músculos hiperativos e hipotônicos, o que ajuda a corrigir as alterações posturais que levam à progressão da escoliose.


Na prática, o fisioterapeuta deve trabalhar com posturas globais que estirem as cadeias musculares responsáveis pela deformidade, promovendo o alinhamento das vértebras. Essas posturas são mantidas por longos períodos para remodelar a estrutura muscular e articular, proporcionando uma maior simetria corporal.


3. Exercícios Específicos de Correção para Escoliose (SEAS)


O SEAS (Scientific Exercise Approach to Scoliosis) é um protocolo baseado em evidências, projetado especificamente para a correção ativa da escoliose. Ele é ideal para fisioterapeutas que desejam usar uma abordagem ativa de correção postural.


Este método se concentra no fortalecimento da musculatura paravertebral e no treinamento motor consciente, onde o paciente é treinado para perceber e corrigir sua própria postura, envolvendo o sistema neuromuscular no controle ativo da curvatura.


Fisioterapeutas devem dominar os princípios do SEAS para aplicar exercícios específicos que alinhem a coluna durante o movimento, sem sobrecarga para outras articulações.


4. Abordagem Respiratória e Função Pulmonar


A função pulmonar pode ser comprometida em pacientes com escoliose torácica. A fisioterapia respiratória, integrada ao tratamento postural, pode melhorar a capacidade respiratória e prevenir complicações pulmonares, como redução da expansibilidade torácica.


Técnicas como expansão segmentar, ventilação dirigida e treino de músculos respiratórios devem ser incluídas no tratamento fisioterapêutico de pacientes com escoliose avançada.


5. Fisioterapia Integrada ao Uso de Coletes Ortopédicos


Em casos mais graves ou em adolescentes em crescimento, o uso de coletes ortopédicos pode ser indicado para prevenir a progressão da curvatura. O fisioterapeuta tem um papel essencial na adaptação e integração do tratamento com o colete, guiando o paciente em exercícios que maximizem o efeito do colete, sem comprometer a função muscular.


A fisioterapia deve se concentrar em manter a flexibilidade da coluna e a força muscular durante o uso do colete, garantindo que, ao retirá-lo, o paciente mantenha uma postura estável e funcional.


6. Técnicas de Terapia Manual para Mobilidade Articular


Além dos exercícios corretivos, a mobilização articular pode ser útil para aumentar a mobilidade em áreas hipomóveis da coluna. Técnicas de mobilização passiva, manipulação e liberação miofascial podem ser integradas ao tratamento para liberar tensões e melhorar a amplitude de movimento.


É importante que o fisioterapeuta aplique essas técnicas com cuidado, considerando as regiões mais comprometidas pela escoliose e evitando pressões excessivas em áreas com desvio vertebral significativo.


7. Fatores Psicológicos e Motivação do Paciente


O tratamento da escoliose é de longo prazo e exige comprometimento tanto do paciente quanto do fisioterapeuta. Pacientes adolescentes, em especial, podem ter dificuldades em aderir ao tratamento devido ao impacto psicológico da condição.


Os fisioterapeutas devem adotar uma abordagem motivacional, promovendo a participação ativa dos pacientes nos exercícios e mantendo uma comunicação aberta sobre os objetivos do tratamento. A interação positiva entre fisioterapeuta e paciente pode ser um fator decisivo para o sucesso na prevenção da progressão da escoliose.


Conclusão: Abordagem Fisioterapêutica Personalizada para Escoliose


A prevenção da progressão da escoliose depende de uma abordagem multidisciplinar e personalizada, que leve em consideração o estágio da curvatura, as necessidades individuais do paciente e o tipo de intervenção mais adequado. Técnicas como RPG, SEAS, fisioterapia respiratória e terapia manual desempenham papéis cruciais no controle da escoliose, reduzindo o risco de progressão e proporcionando maior qualidade de vida.


Fisioterapeutas especializados em coluna têm a oportunidade de promover uma mudança significativa na vida de seus pacientes ao aplicar essas técnicas com precisão e constância. Cada paciente é único, e o tratamento deve ser sempre ajustado de acordo com sua evolução.


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